quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Promessas da base do Flamengo foram brilhar no exterior

Rubro-Negro não lucrou com as saídas de Vitor Saba, Kayke e Vander, que estão fazendo sucesso no futebol europeu

Um dos slogans mais conhecidos do Flamengo diz que craque se faz em casa. De fato, alguns jogadores têm saída da Gávea, o problema é na hora de aproveitá-los. Exemplos não faltam. Três deles começam a brilhar aos poucos, mesmo que em lugares não muito badalados, e até hoje não entendem os motivos de terem saído.

Um caso emblemático é o de Vitor Saba. O apoiador, que jogou profissionalmente duas vezes no Flamengo, e como lateral-esquerdo, é titular do Brescia.

– Estava insustentável. Eu entrei em uma furada, e todos falam que eu fui bem – explicou Saba ao LANCENet!, que conta como saiu.

– O Zinho deixou claro que não ia contar comigo, meu agente disse que eu queria ir embora, e aí o Brescia se interessou e rolou.

A principal reclamação é com Vanderlei Luxemburgo.

– Nem me conhecia e na primeira semana me tirou. Achei isso muito estranho – lembrou.

O técnico do Grêmio foi procurado pelo LNet!, mas não quis se pronunciar sobre o assunto.

DINAMARCA E BULGÁRIA

Há outros exemplos em lugares menos glamourosos que a Itália. Kayke é o atacante do Aalborg, terceiro lugar da Liga Dinamarquesa. Aos 24 anos, sua cabeça já esfriou.

– Não era para ser naquela hora. Não foi por falta de competência, mas por coisas que talvez eu nunca vá saber – afirmou.

Assim como Vander, do Botev Plovdiv, da Bulgária. Ele lembra de sua época de glórias nas categorias de base, mas também da frustração que veio depois, quando não foi aproveitado pelo Flamengo.

– As pessoas que estavam lá não souberam aproveitar a safra – ressaltou Vander, que mantém contato com os contemporâneos.

– A maioria está fora do país indo bem, e o Flamengo está mal.

BATE-BOLA
Vitor Saba
Apoiador do Brescia, da Itália

Como foi quando você saiu?
Pensei em largar, até por ter boa condição de estudo. Passou pela cabeça voltar a estudar. Se eu tivesse ido mal era uma coisa, mas fui bem nos meus dois jogos. Preferi continuar e tudo tem dado certo até agora.

Como está no Brescia?
Show de bola, não podia pedir um começo melhor, fazendo gols, dando passes, imprensa elogiando. Eu cheguei, entrava no segundo tempo, e em dois jogos dei três passes para gols. Aí passei a ser titular, continuei jogando bem e cada vez recebo mais elogios.

Quais são os objetivos do Brescia nesta temporada?
A pressão é sempre para ganhar, todos tratam como time grande, a cidade não é pequena, é perto de Milão, o normal seria o pessoal torcer pela Internazionale ou pelo Milan, mas não, todos torcem pelo Brescia. E teve o Roberto Baggio, eles têm muito orgulho disso, tem jogador com salário de Primeira Divisão, gastaram um dinheiro.

Os recorrentes escândalos de manipulação de resultados tiraram a credibilidade do futebol italiano?
Eu cheguei, e nunca ouvi falar nada, só em noticiários, têm julgamentos. Mas ninguém fala entre os jogadores, na sociedade não se dá muito importância. É algo ilegal, infelizmente, mas não tira a credibilidade. Todos os jogadores olham o futebol italiano como o principal, ao lado da Espanha e da Inglaterra.

  

BATE-BOLA
Kayke
Atacante do Aalborg, da Dinamarca

A fama de "bad boy" o atrapalhou no Flamengo?
Sempre tive personalidade forte, e quando você é mais novo não controla algumas situações. Hoje não faria algumas coisas, mas colocando na balança... Eu não gostava de ficar no banco, mas certas atitudes são erradas. Em muitas coisas voltaria atrás, outras não.

A pressão o atrapalhou?
Eu vinha conquistando muito na base, todos esperavam muito, veio pressão de empresário, família e acabou não acontecendo. Foi bom eu ter saído, hoje estou aqui fora, bola para frente.

Como você foi parar na Europa?
Quando estava nos juniores, fui artilheiro do Mundial na Malásia, e recebi propostas oficiais da Holanda, mas sequer tinha treinado com o time de cima. Acabei sendo emprestado, não foi bom, rescindi, fui liberado, fui treinar na Alemanha, achei que seria legal, mas foi uma situação complicada. Depois de uma semana, não era nada daquilo que tinha sido conversado, a janela estava fechando, e meu empresário apareceu com uma proposta da Noruega, e tive que pegar.

Pensaria em se naturalizar para jogar na seleção dinamarquesa?
Para falar a verdade, não. Tem que ficar cinco anos, e não aguento mais esse frio (risos). Estive na Noruega por falta de opção, vim para cá por ser melhor, dois times vão para a Liga dos Campeões, isso é importante, a seleção vai bem e o futebol não é ruim. Mas isso é complicado.



BATE-BOLA
Vander
Atacante do Botev Plovdiv, da Bulgária

Qual o motivo da dispensa?
Eles achavam que eu tinha problemas em campo. Sou explosivo, muito emotivo. Mas em campo, tudo para mim é a vitória, mas eles achavam que eu prejudicava, que podia ser expulso. Em 13 anos no Flamengo, só vi o cartão vermelho três vezes.

Eles explicaram isso diretamente a você?
Conversei com alguns diretores, explicaram que não era o momento, que eu era indisciplinado dentro e fora de campo, mas eu achava totalmente errado. Aqui eles nem ligam no que se faz.

Como era a relação com o pessoal da comissão técnica da base do Flamengo?
Com o Adílio não tive nenhum problema, era o meu paizão, ajudou muito no meu amadurecimento, só tenho a agradecer. Já com o (coordenador) Evelino Serpa, não tivemos problemas, mas tivemos desavenças, nem sempre a gente concorda. Mas sendo da base, a gente não argumentava, mas a gente não se dava. Eu não sou de ter amizade com treinador, diretor, mas nunca tivemos discussões.

Ir para os principais times da Europa faz parte dos seu projeto em curto prazo?
Jogar em um Barcelona, Real Madrid, Bayern de Munique, é um sonho impossível. Quando a gente começa, pensa em ser Ronaldinho Gaúcho, e depois vai diminuindo. Mas aqui na Bulgária, muitos empresários assistem jogos, são quase 40 brasileiros, a concorrência é grande. Quem sabe um dia não pule para um centro maior? Eu quero sempre ser valorizado, nunca desvalorizado.

Pensaria em se naturalizar para jogar na seleção búlgara?
É complicado, tem que ficar cinco anos, não seria irrecusável, mas eu aceitaria. Meu maior sonho é jogar a Copa do Mundo.

TRIO PENSA EM VOLTAR AO FLAMENGO

Mesmo com a frustração, os três ainda admitem voltar ao Flamengo um dia. Todos eles garantem que o amor continua.

– Eu tenho um sonho de voltar, a emoção de botar o manto, ver a torcida. Não vou descansar enquanto não conseguir – diz Vander, que recebeu coro de Saba.

– Não vou dizer que não fiquei triste, mas é meu time do coração, mesmo quando era do Vasco. Agora penso na Europa, mas lá na frente, quem sabe?

Se todos no Vasco sabiam que Saba era flamenguista, Kayke mudou quando esteve na Gávea.

– Eu era tricolor, mas criei o vínculo, hoje sou Fla. Se tiver a oportunidade, não diria não.

DICAS PARA A NOVA GERAÇÃO

Se algumas gerações passadas não foram bem aproveitadas, há uma nova safra de bons jogadores que começou a subir este ano. Para Vitor Saba, joias como Adryan, Mattheus, Thomás e outros terão a transição mais tranquila.

– São meus amigos, tiveram a trajetória mais fácil e aproveiteram as oportunidades. Eles têm muita qualidade.

Tanto que o jogador do Brescia nem dá a dica de eles irem para a Europa.

– É o sonho de todo mundo. Mas na posição deles, se estiverem jogando, não há motivos para sair – explica.

Vander, hoje com 24 anos, lembra que eles já eram vistos como joias.

– Eles estão sendo bem gerenciados, aos poucos criam experiência e amadurecimento. Ainda vão dar alegria à torcida e podem fazer História – confia Vander.

Adryan, Mattheus e Nixon são algumas promessas atuais do Flamengo.

FUTURO

Vander e Kayke já estão na Europa há algum tempo, e aos poucos, as propostas começam a aparecer. O atacante do Aalborg revela até que já existem conversas que podem até levar o jogador de volta ao Brasil.

Já estou há dois anos e estou esperando algo melhor, quero um lugar mais quente, mais parecido com o Brasil, talvez mesmo voltar para o Brasil. Meu empresário já tem visto algumas coisas, pode pintar algo na próxima janela - disse o jogador, que vê o lado bom e o ruim de retornar:

Converso muito com o meu pai, que é jogador, e ele mesmo fala que o Brasil é muito bom, mas outras coisas fazem pensar. Times atrasam salários, não dão estrutura, muda treinador toda hora. Aqui é diferente. Mas pela minha situação, seria difícil ir para um grande, seria para um menor. Se pintar algo legal, interessa.

Já Vander, que está na Bulgária, revela que existem propostas do próprio país e do exterior.

- Eu penso no que é melhor para mim e para o time, se for para ficar, vou ficar. Mas cada vez mais a permanência está difícil, o interesse tem sido cada vez maior - explicou.
Fonte: lancenet.com
                                                                Saudações rubro-negras!!!

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