Criado no Complexo da Maré, Wellington Silva vê sorte do Fla virar e mira voos mais altos com o clube do seu coração
Wellington Silva falou sobre as dificuldades do começo
da carreira e as expectativas no Fla.
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Nascido e criado no Complexo da Maré, Wellington Silva poderia ser mais um jovem humilde recrutado pelo crime organizado ou de futuro incerto, como tantos outros. Porém, graças ao talento com a bola, o rapaz de 24 anos, viu a maré virar a seu favor e hoje é um dos destaques do Flamengo.
Para quem já foi cobrador de van, a pressão sofrida durante os cinco jogos que o Flamengo ficou sem vencer não o assusta. Tanto é que quando a partida contra o São Paulo estava empatada, ele cometeu um pênalti e por pouco não saiu como o vilão de mais uma derrota. Como Felipe pegou a cobrança de Luis Fabiano, Wellington respirou aliviado.
- Fiz um bom jogo, a maré tá mudando. Espero que daqui pra frente o nosso time continue crescendo. Errei em fazer o pênalti, mas a bola não entrou. A maré de azar foi embora, o Felipe defendeu pênalti, e agora a maré é de sorte - vibrou.
Antes de ser um cara de sorte, Wellington Silva precisou enfrentar de perto a realidade de uma comunidade carente e dominada pelo tráfico de drogas.
- Já perdi amigos para o tráfico. Faleceram ou foram presos. Falta de conselho não é. O futuro é prisão ou a morte. Hoje em dia tá bem mais tranquilo. Tenho família lá (no Complexo da Maré) e vou direto - contou o jogador ao MAIS.
Orgulhoso, Wellington lembra da batalha na Maré
Vindo da Vila Pinheiro, favela que integra o Complexo da Maré, Wellington Silva fala com muito carinho da comunidade onde viveu:
- Sempre vou lá, sinto muito orgulho de lá. Fui nascido e criado na Vila Pinheiro, agora tô no Recreio, mas visito direto. A maioria lá é flamenguista. Chego lá, me tratam super bem. Sempre levo camisa (risos). Trabalhar lá foi bom (como cobrador de van), uma ótima experiência de vida - disse.
A mudança na vida de Wellington Silva coincide com mudanças importantes que vão acontecer na comunidade onde ele foi criado. Nos próximos meses, o Complexo da Maré será pacificado e a comunidade ficará livre das milícias e do tráfico de drogas. A medida é comemorada pelo filho da comunidade.
-Já perdi amigos para o tráfico. Mas hoje está mais tranquilo - encerrou o Salgadinho (apelido que ganhou de alguns companheiros em virtude da semelhança com o pagodeiro líder do grupo Katinguelê).
Na maior vitrine do país, Wellington crê em Seleção
Em ascensão no Flamengo, Wellington Silva vem sendo eleito para seleções da rodada de diversos veículos de imprensa. Empolgado com o momento que vive, ele não se contenta apenas com eleições para times da semana. Seu objetivo maior é a Seleção Brasileira e a Copa do Mundo, e, segundo o camisa 25, essas metas não constituem um sonho irreal.
- Tenho muita esperança (de disputar a Copa), ainda mais sendo aqui no Brasil. Preciso manter meu nível e melhorar. Sempre falo em minhas entrevistas que nunca tá bom. A torcida do Flamengo é muito exigente. O caminho tá aberto, é trabalhar bastante e fazer o Flamengo sair dessa situação. Assim, vão olhar nessa equipe com outra situação. Com a torcida me apoiando, o Mano vai me olhar com outros olhos.
BATE-BOLA
Wellington Silva
lateral-direito do Flamengo
M: Você é fã do Léo Moura. Quer ser igual a ele?
WS: Sempre gostei do Léo Moura de verdade, mas tenho que fazer a história do Wellington Silva mesmo. Me espelhar é uma coisa, mas ser eu mesmo é outra.
M: Quais as semelhanças e diferenças entre vocês?
WS: Ele gosta muito de apoiar e eu também, gosto dos dribles dele. A diferença é a marcação. Acho que marco um pouco melhor do que ele, mas acredito que ele chega um pouco melhor do que eu no ataque.
M: Como Léo, Love e Felipe, você é muito Flamengo. Isso ajuda em campo?
M: Como Léo, Love e Felipe, você é muito Flamengo. Isso ajuda em campo?
WS: Faz muita diferença. Além de jogar pela obrigação de profissional, o cara que é torcedor e jogador pensa além. Há anos eu estava ali. A gente que é torcedor do Flamengo tem que pensar no que o torcedor tá pensando e correr atrás.
M: Jogar pelo seu time do coração no Engenhão foi emocionante. Imagine no Maraca... Vai aguentar?
WS: Quando jogava no Grêmio, olhava aquela torcida e dava aquele arrepio, mas eu sempre falava: “A torcida do Flamengo é bem maior, não tem comparação”. Aí fui para o Engenhão e pensei “Vai dar frio na barriga”. Estava chovendo, eu lembro. Entrei em campo, esqueci da torcida. Acho que vai ser a mesma coisa (no Maracanã), tenho uma coisa boa que eu sei como é a torcida... Quando incentiva, vou pra cima, anestesia mesmo.
M: Apesar de jovem, você dá força pra molecada, né?
WS: Quando vejo Adryan e Luiz Antônio no banco, procuro sempre dar força e falo para eles: “Vocês não estão no banco do Resende, vocês estão no banco do Flamengo. Nunca queiram jogar num time pequeno, que é complicado".
M: E o Adriano, como está?
WS: Está bem melhor do que ele vinha, senti o Adriano solto. Eu joguei com ele no jogo-treino com o Audax. Sempre procurava o Adriano, ele chutou uma bola na trave... Essa trave não deixa a gente em paz. Ele tá bem melhor. Se ele continuar nesse mesmo caminho, vai conseguir a voltar a ser o Adriano.
Frases:
“O Flamengo e Vasco da Copa do Brasil (a final do torneio em 2006) é meu jogo inesquecível. Foi a primeira vez que fui num Fla x Vasco e fomos campeões.”
“Sempre quando acaba o treino, fico finalizando. Com confiança, a gente consegue fazer tudo. essa é a hora de mostrar o melhor.”
“Espero comprar uma casa para os meus pais. sempre os vi trabalhando e quero realizar esse sonho.”
Fonte: lancenet.com
Saudações rubro-negras!!!
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