Zagueiro marcou o gol da vitória do Flamengo sobre o São Paulo no domingo passado e deixou o campo como herói
González está a 9 meses no Flamengo. |
Marcos González completou nove meses de Flamengo no último dia 24. O chileno está feliz no clube e no Rio de Janeiro. Também não é para menos. O pacato zagueiro traz um pouco da alma carioca consigo, pois nasceu na Cidade Maravilhosa e se mudou para o Chile com apenas dois anos de idade.
No último domingo (21.10), González marcou o gol da vitória do Mengão sobre o São Paulo. Foi a primeira vez que o jogador balançou as redes vestindo o Manto Sagrado, logo num jogo extremamente importante para o Rubro-negro no Campeonato Brasileiro.
Naquela partida, González deixou o campo com status de herói, sendo assediado pela imprensa na beira do gramado, fato que o deixou espantado, pois, de acordo com o camisa 4, os repórteres 'nunca falam com ele'.
Já que González quase não dá entrevistas, como ele mesmo afirmou, o Site Oficial do Flamengo resolveu bater um papo descontraído com nosso zagueirão para falar sobre Flamengo, carreira e vida pessoal. Confira a entrevista abaixo:
Você nasceu aqui, em Ipanema, e foi muito pequeno para o Chile, certo?
Nasci aqui e com dois anos fui para o Chile. Fiquei a minha vida toda no Chile.
Como foi sua infância e quando você descobriu que queria ser jogador de futebol?
Minha infância foi normal, com os meus irmãos, em casa, e jogando bola o dia todo na rua. Depois fui para uma escolinha de futebol no Chile e fui crescendo estudando, jogando futebol na escolinha e na rua, como grande parte dos futebolistas fazem. E me tornei jogador com o tempo.
Mas quando você soube seria realmente um jogador de futebol? Era um sonho ou as coisas apenas aconteceram?
Acho que aconteceram. Eu só jogava na escolinha do Universidad de Chile, mas jogava porque gostava de futebol. Não imaginava que eu fosse virar jogador, eu só gostava muito de futebol. Então, num dia de treino, o técnico da equipe me chamou e avisou que eu iria para o jogo no fim de semana. Foi uma surpresa para mim, pois eu não esperava.
Começou na escolinha com quantos anos?
Eu comecei muito cedo, com 6 ou 7 anos. Meu pai me levava junto com meu irmão. Então cresci fazendo isso, na escola de futebol, estudando no colégio e jogando bola na rua.
E seu irmão, não continuou?
Ele não seguiu. Ele se afastou quando tinha 18 anos e começou a estudar na faculdade.
Você tem quantos irmãos?
Eu tenho seis irmãos. São duas irmãs e quatro irmãos. Não, desculpe (conta com os dedos). Ih, perdi as contas (risos). Somos sete, somos sete. Três garotas e quatro meninos.
E filhos, quantos você tem?
Tenho quatro filhos. Três homens e uma menina. O mais velho tem 14. Os outros têm 9, 7 e a menina tem quatro anos.
Algum deles será jogador de futebol?
Eu não sei. Eles gostam muito de jogar bola lá no prédio. Tem uma quadra embaixo e eles jogam muito. Mas não sei se eles vão virar jogador.
Mas você gostaria?
Eu gostaria, mas precisa de muito tempo. É difícil. Quando eu era garoto, eu ia sozinho para o treino, voltava sozinho. Agora não gosto que meu filho vá para rua e pegue ônibus sozinho para treinar. Eu não gosto. Eu prefiro ir com eles, gosto de estar com eles, mas não tenho tempo de levá-los. Minha esposa fica em casa procurando as coisas deles, vendo as tarefas da escola, dever de casa. Então ninguém pode levá-los. Eu, quando era menino, ia sozinho. Acho que a grande maioria dos jogadores também.
Você é um pai muito protetor, então?
Eu sou protetor como todo pai gostaria de ser. Eu, graças a Deus, gosto de ficar mais tempo com os meus filhos. Então quando posso ficar com eles, eu fico.
Mas em casa você é um pai durão? E se seus filhos não fizerem a lição de casa?
Se não fizer o dever de casa eu tenho que castigar eles (risos). Mas um castigo momentâneo.
Qual foi o seu primeiro clube?
Meu primeiro clube foi o Universidad de Chile. Depois fui para a Argentina, depois Estados Unidos e em seguida voltei para o Chile. E agora estou aqui.
Nota: González começou no Universidad de Chile, depois foi emprestado ao Rangers (CHI) e, posteriormente, se transferiu para o Colón (ARG). O zagueiro retornou ao Chile para atuar no Palestino e, em seguida, deixou o país novamente para jogar no Columbus Crew (EUA). Depois o defensor retorna ao seu país para vestir a camisa do Universidad Católica (CHI) e Universidad de Chile (CHI), clube que defendeu antes do Flamengo.
disse que não sonhou ser jogador e que as coisas aconteceram. Mas aconteceu tão bem que você acabou chegando à seleção do Chile. Conta um pouco da sua relação com a seleção.
Chegar na seleção é difícil. Mas agradeço a Deus pela ajuda, porque eu acho que há jogadores de muita qualidade em nível da seleção. E ficar entre eles é muito bom. E tem muita ajuda de Deus nisso.
Tem algum momento marcante na seleção, algum jogo inesquecível?
Humm (pensa). Para mim são inesquecíveis todos os jogos que a gente ganha (risos). Quando perde, não. Mas se ganhar é inesquecível.
E como está o Chile nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2014?
Está difícil, mas ainda temos muitas chances. Estamos em 6ª, mas o 4º (Venezuela) e o 5º (Uruguai) têm os mesmos pontos que a gente (12). Então é só um jogo de diferença.
Nota: as quatro primeiras seleções na tabela se classificam para o Mundial.
Você se imagina jogando a Copa no Brasil, como jogador do Flamengo e morando no Rio de Janeiro?
Seria bom se nos classificarmos para a Copa do Mundo. E jogar aqui no Brasil seria ótimo para mim. Mas temos muitos jogos pela frente ainda.
Você hoje está estabilizado no time do Flamengo. Mas, antes disso, como foi sua adaptação no Brasil?
A adaptação no futebol do Rio foi difícil, porque é muito quente. Lá no Chile só jogamos um ou dois meses no ano com o tempo quente. Depois é só frio. Aqui é quente o ano inteiro, quente demais. No Chile faz 30, 35º no máximo. Aqui faz 40º e, talvez, um pouco mais. Isso foi muito difícil. E depois, os jogadores do Brasileirão são de boa qualidade. Tem muito jogador bom aqui no Brasil.
Então você já está à vontade com o esquema do Brasil?
Estou? (risos). Agradeço suas palavras. Mas ainda não. Sempre tem que trabalhar muito para ficar bem. Ainda acho que tenho que melhorar muita coisa.
Qual a diferença do futebol praticado no Chile para o do Brasil?
A diferença é física. Essa é a maior diferença. Aqui no Brasil tem jogadores grandes. Sempre vejo atacantes nos outros times com 2m, 1,90m. No Chile os atacantes são mais baixinhos, entendeu? E a estatura. (interrompe para saber se a palavra está certa no português). É estatura que se fala? A estatura do chileno é menor. Aqui tem jogadores grandes e bons de bola. É um futebol muito competitivo.
E como é para você o Flamengo e a torcida?
Na verdade, a torcida do Flamengo é muito grande aqui. Onde eu ando na rua, alguém fala do Flamengo. E ai, González! Tudo bem? Coisas assim. Mas eu gostei do clube, da torcida e agora só quero fechar o ano bem aqui no Flamengo.
Você é muito querido pelo torcedor. O perfil oficial do Flamengo na rede social Instagram publicou uma foto sua após a vitória contra o São Paulo. Os torcedores gostaram muito e te elogiaram pelo gol e pela partida.
Eu não sabia dessa minha foto (risos). Eu não tenho foto minha bonita (risos). Mas agradeço a torcida pelo carinho. Palavras de agradecimento para eles.
Já que falamos do seu gol na vitória sobre o São Paulo... Lembramos que você deixou o campo naquela tarde dizendo que não costuma dar entrevistas e que tinha ficado surpreso com o assédio dos jornalistas. Foi engraçado...
É verdade. Um jornalista me perguntou por que eu não falava com frequência. Eu respondi que ninguém me pergunta. Ninguém me procura (risos).
E por que você acha que os jornalistas não falam com você sempre?
Acho que é o fato de eu ser zagueiro. Sempre fala mais o cara que faz o gol, com o atacante. É normal. Não tenho problemas com isso.
Sobre sua história no futebol, tem algum fato pessoal que te marcou, alguma dificuldade na sua carreira, talvez?
Não, acho que não. Graças a Deus foi tudo normal, como a maioria dos jogadores. Não lembro de história de bastidores. Tenho que pensar com mais tempo (risos).
E aqui no Flamengo, você teve algum momento marcante?
Sim. O que marcou muito foi esse jogo contra o São Paulo. Mas não foi pelo gol. Ficou marcado pela vitória, pois o time precisava muito ganhar. E, graças a Deus, ganhamos um jogo importante e ficamos um pouco mais tranquilos com a zona de rebaixamento. Isso marcou muito. Não o gol, mas o jogo que a gente ganhou.
Mas foi um golaço, heim...
(risos) Eu gostei, mas não sei. Vocês que tem que dizer.
Ah, você viu o vídeo depois. Sem modéstia...
(risos) Acho que foi um bom gol, um bom gol. Ajudou muito pela situação que o time está passando.
Você espera ficar por muito tempo jogando aqui?
Não sei, porque isso depende de muita coisa. Depende sempre do rendimento pessoal, dos nossos chefes, como o técnico. Depende de muita coisa. Mas, se Deus quiser, eu fico aqui. Estou muito bem no Flamengo. Gostaria de ficar. Se tiver que ser, vai ser. Eu ficaria feliz.
E sobre viver no Rio de Janeiro. Você gosta?
É bom viver aqui. Sempre escuto. Rio de Janeiro, a Cidade Maravilhosa. Gosto daqui.
E o que você faz no dia a dia aqui, além de treinar?
Gosto mais de ficar em casa, com minha mulher, tranquilo. Às vezes vou à praia, volto. Mas gosto mesmo é de passar tempo com a minha família.
Conhece os pontos turísticos? Conhece o Pão de Açúcar e o Cristo Redentor?
Conheço. Gosto muito. Mas fui com minha mulher e meus filhos. Sozinho eu não gosto, nunca. A cidade é boa, meus filhos gostam. Tudo tranquilo, graças a Deus.
E a sua relação com o elenco do Flamengo?
Os caras foram muito bons para mim. Facilitaram tudo. Foram amistosos, no vestiário... Gostei muito e agradeço todos pela ajuda que me deram quando cheguei aqui. De verdade. Todo mundo, não só os jogadores, mas todos no clube. Todos fizeram algo para que eu me sentisse mais confortável.
Você se sente realizado profissionalmente?
Sim, eu gostei do que fiz na minha carreira e agora, no Flamengo, estou tentando fazer o melhor possível para ajudar o time.
Fonte: flamengo.com.br
Saudações rubro-negras!!!
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