Imperador convive com problemas com o álcool e pessoas próximas relatam drama. Marco Aurélio Cunha, ex-dirigente do São Paulo, afirma: 'Ele precisa de tratamento psiquiátrico'
Adriano passa por drama e futuro no futebol é incerto. |
Quando pequeno, Adriano tinha uma grande incentivadora. Dona Wanda, a avó, famosa pelos pastéis que motivavam o Didico a não desistir da rotina puxada de treinos, hoje já não carrega tanto entusiasmo ao falar sobre o futuro do neto, principalmente após os últimos problemas enfrentados pelo Imperador para conseguir cumprir o cronograma de atividades comum para qualquer atleta.
- Não tenho muito a falar sobre o Adriano. Agora está nas mãos de Deus - resigna-se a avó.
Desde a morte do pai, em agosto de 2004, Adriano nunca mais conseguiu dissociar o problema pessoal da vida profissional. Passou a ser uma pessoa instável psicologicamente. Muitas vezes, encontrou na bebida um refúgio para encarar a tristeza. Hoje, no momento em que não consegue mais cumprir as exigências de um atleta, recorre novamente a esse expediente que o ajudou a apaziguar a dor da perda. Mas este ‘alívio’ cobra um preço caro demais, o qual Adriano não tem mais condições de bancar. Cobra a carreira e a vida do jogador.
Dorival está lutando pelo retorno de Adriano
- Se deixar, Adriano sai todo dia. Se ninguém estiver disponível, ele mesmo procura. Na maioria das festas não há jogadores. São os amigos da comunidade mesmo. É capaz de virar três noites. Ele não aceita ou admite o problema com o álcool. É tudo muito normal, acha que está só aproveitando. Nunca falou em precisar de ajuda ou a pediu - conta um amigo do jogador.
A Chatuba, favela na qual foi criado e costuma frequentar, também já não é o point favorito. O Morro do Chapadão, na Pavuna, Subúrbio do Rio, é agora onde encontra a tranquilidade para se isolar. O Flamengo mais uma vez estendeu a mão, deu a chance, mas o retorno aos gramados é visto com desconfiança.
Dirigente que conviveu com o jogador no São Paulo, Marco Aurélio Cunha não tem mais dúvidas. Reativar a carreira é apenas o segundo passo. O primeiro é reencontrar o rumo na vida.
- Antes, ainda tinha a figura do Gilmar Rinaldi (ex-empresário de Adriano), que monitorava tudo o que ele fazia. Faço um prognóstico muito preocupante. Adriano precisa de tratamento psiquiátrico - alertou Marco Aurélio.
Seja de ordem psicológica ou por dependência, o Imperador precisa de ajuda para não ter o mesmo destino de outros craques, que acabaram derrotados pela vida.
Marco Aurélio Cunha, ex-dirigente do São Paulo
'Ele depende dessas saídas da rotina'
"No São Paulo, houve dois episódios de atraso do Adriano. Um que ele realmente bebeu, chegou de manhã nervoso, mas, mesmo assim, compareceu. Na realidade, ele nunca deixou de comparecer.
Em outra ocasião, chegou atrasado na fisioterapia, estava nervoso e pegou o carro e foi embora sem falar com ninguém. Fui no carro buscá-lo e falei tudo o que ele tinha de ouvir. Perguntei o que ele queria, disse que no São Paulo era diferente, não tinha acordo.
Diferentemente do que parece agora, ele estava bastante motivado na época, num momento psicologicamente melhor.
Colocamos psicólogos à disposição, mas ele foi duas vezes e não quis mais. Mesmo assim, monitoramos. Ele é uma excelente figura, mas atualmente dependente dessas saídas da rotina."
COM A PALAVRA
Analice Gigliotti, psiquiatra especialista em dependência química
'Adriano precisa de tratamento diário'
"As influências físicas e comportamentais causadas pelo alcoolismo são perceptíveis em qualquer pessoa. E não seria diferente com o Adriano, que é um atleta de alto rendimento e depende do condicionamento físico.
Não acompanho o dia a dia do jogador, mas falo como uma especialista sobre o tema: o ser humano que é viciado em álcool sente-se muito mal não só após uma intensa bebedeira, mas também quando fica sem beber. A abstinência causa péssimos efeitos psicológicos e físicos.
Por tudo que eu vejo na mídia sobre ele, acho que o Adriano tem que procurar um tratamento psiquiátrico. Não vai adiantar nada ele ficar prometendo para si e para os outros que vai melhorar. Isso não acontece da noite pro dia com ninguém. É necessário um tratamento intensivo, com acompanhamento diário."
COM A PALAVRA
Roberto Assaf, colunista do LANCE!
'Precisa, primeiro, provar a doença'
"Teria antes de tudo preciso provar que Adriano é alcoólatra. Eu não posso fazê-lo, pois não sou médico, nem convivo com ele diariamente. Mas posso garantir, por experiência própria, que quando o sujeito está possuído pela bebida, essa é prioridade absoluta no seu cotidiano. Nada, além disso, tem muita importância.
Há estágios distintos. Há quem chegue a ingerir álcool puro. Mas o pior de tudo é quando a pessoa já não consegue exercer normalmente as suas atividades. Aí, com raiva ou pena de si próprio, ela bebe mais, estabelecendo um círculo vicioso insuportável. Só há uma única fórmula capaz de resolvê-lo: parar. Para tal, é necessário sobretudo desejar fazê-lo, buscando o tratamento, psiquiatra, psicanalista, enfim... Mas creiam: há cura."
Fonte: lancenet.com
Saudações rubro-negras!!!
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